O QUE É BELO OU FEIO PARA O DEFICIENTE VISUAL?

O QUE É BELO OU FEIO PARA O DEFICIENTE VISUAL?

Quando a pessoa nasce cega, dizemos que ela é deficiente visual congênita e quando, por algum fato, acontecimento ou acidente ocorre gerando a deficiência visual, chamamos de deficiência visual adquirida.
Em um estudo realizado por Peres et al. (2015), encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Gama Filho, sob o protocolo 14120.10, verificou a insatisfação com a imagem corporal entre pessoas com deficiência visual. Participaram da pesquisa 45 pessoas com deficiência visual, frequentadores do Instituto Benjamin Constant, na cidade do Rio de Janeiro, ambos os sexos e idade entre 18 e 69 anos. Destes, 40 adquiridos e cinco congênitos.  
Aplicaram um questionário, que foi lido em voz alta para ser preenchido, o Body Shape Questionnaire (BSQ), com 34 perguntas e pontuação variável de 1 a 6 pontos. A soma total das respostas, quando inferior à 80, considerava-se  ausência de insatisfação corporal e acima de 80 pontos, considerava-se insatisfação com relação à imagem corporal.
Para realizar a análise das respostas do questionário, utilizaram a estatística de acordo com a natureza das variáveis e foi feita a frequência relativa de cada caso. E para considerar as diferenças nas proporções das variáveis categóricas, foi utilizado o qui-quadrado. Na análise de amostras independentes, usou-se o teste não paramétrico U, de Mann-Whitney e foi adotado o nível de significância de p < 0,05.
RESULTADOS: 24,4% dos deficientes visuais manifestaram insatisfac¸ão com a imagem corporal.
Existem poucos estudos sobre o assunto relacionado à deficientes visuais para comparação, mas são válidos os que serão citados:
Ø  Em pesquisa outra pesquisa por meio de escala de silhuetas, verificou-se que 66,6% das mulheres e 46,3% dos homens apresentaram insatisfac¸ão com a imagem corporal (Santos Silva et al., 2011);
Ø  Em outro estudo sobre a percepção do corpo belo para os deficientes visuais, Peres (2012), destacou que a referência da construção da imagem corporal, em muitos casos, ultrapassa questões relacionadas à estética e segue por outros campos, tais como caráter, experiência de vida, inteligência, afetividade, autonomia. A autora questionou os investigados sobre o que os atraía em outra pessoa, e as respostas foram: ‘‘saber conversar’’, ‘‘ser delicado e educado’’ e ‘‘ser sincero e simpático’’, o que revelam uma percepção do belo a partir de valores morais e não estéticos. Para a autora, quando a falta de visão é posta em foco, a confiança vem à tona. Pois parece que os deficientes visuais buscam poder confiar em alguém, entregar-se, sem o receio de ser furtados em sua dignidade.
Ø  Peres (2012) também encontrou entre as mulheres deficientes visuais, o desejo de transformar o corpo com cirurgias plásticas, maquiagem, vestimenta e adereços, o que pode representar uma vontade de amenizar a deficiência.
Ø  No estudo de Karremans et al. (2010), com homens videntes e cegos (congênitos e adquiridos) sobre o estilo de corpo feminino que mais os atraía, observaram que não há diferenças significativas em relação à preferência por um tipo de corpo feminino. Geralmente, relataram sentir mais atração por mulheres magras, o que se define pela razão cintura/quadril. Os autores destacam algumas hipóteses para justificar  que os cegos não difiram dos videntes. Devido à: 1) as influências culturais; 2) a experiência tátil associada à ideia subjetiva de que as mulheres são menores; e, por fim, 3) o sistema neurobiológico intrínseco relacionado à evolução da espécie humana.
Ø  No estudo realizado por Ashikali e Dittmar (2010), verificaram que mesmo que as mulheres cegas não sejam diretamente influenciadas pela mídia visual, elas parecem sofrer ainda pressão de parentes e amigos para atingir um padrão de corpo mais magro.

Referências:
PERES, Raquel Jacintho et al. Insatisfação com a imagem corporal entre pessoas com deficiência visual. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Rio de Janeiro, v. 47, p.362-366, 2015. Trimestral. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0101328915000876?via=ihub>. Acesso em: 24 set. 2017.

Produção textual: Sabrina Fortes

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